Enfim chegaram elas, as tão indesejadas angústia e ansiedade. Se pudéssemos daríamos um pé no traseiro das duas. No entanto, é ao contrário, elas que nos deixam de cabeça para baixo.
Muitas pessoas — eu me incluo nesse rol de pessoas — preenchem o buraco deixado pela angústia e/ou ansiedade comendo. Eu sou o tipo de pessoa que quando isso ocorre, não paro de comer, ponho todas as comidas que vejo na minha frente goela abaixo. Não paro, até passar mal e ter de me deitar. Por vezes, fico até o dia seguinte assim, lutando contra a comida.
Entretanto, de um tempo para cá, resolvi entender melhor essas crises de angústia e ansiedade, refletindo diretamente na minha alimentação. Procurei algumas definições para ambos os sentimentos.
No caso da ansiedade é mais fácil chegarmos a uma conclusão, afinal, ansiedade é excesso de futuro, imaginamos que logo enfrentaremos um perigo. Na sua grande maioria, esse perigo inexiste.
Embora muitos dicionários comparem igualmente os dois sentimentos, a angústia é algo bem mais complexo. Vamos a algumas definições:
· Dicionários: estreiteza, redução de espaço ou de tempo; carência, falta, estado de ansiedade, inquietude; sofrimento, tormento.
· Psicanálise: angústia vai além da ansiedade, ela é uma condição existencial: não é somente um sofrimento, mas também a sensação de impotência do sujeito frente a esse sofrimento. Sendo uma condição existencial, a angústia acompanha a própria história do homem.
· Psicologia: angústia é considerada uma percepção psicológica caracterizada pela mudança de humor, perda de paz interior, dor, insegurança, culpa, mal-estar e tristeza.
· Filosofia: para o filósofo alemão, Martin Heidegger (1889-1976), o medo nos convida a viver na impropriedade, não atribuímos sentido, deixamos que os outros e as circunstâncias o atribuam, nos alienamos de nós mesmos, vivemos sempre correndo, com nossas agendas cheias de distrações que nos ocupam. Como se o medo estivesse lá fora e a angústia dentro de nós.
Para mim, angústia é a junção do medo com a tristeza. No meu ponto de vista, junto com a melancolia, é um dos sentimentos mais dolorosos que passamos.
Portanto, é melhor entendermos o que estamos sentindo e não descontarmos na comida. Muito menos em outros vícios mais prejudiciais à saúde.
E como faz, Dr. Dilema? Perguntinha bem difícil de responder. Como lhe falei, de um tempo para cá, estou me policiando nas minhas crises de angústia e ansiedade. Com o fato de entender do porquê me sinto angustiado e ansioso, tento não comer exageradamente nas crises de preenchimento do vazio deixado por esses sentimentos. Quando a crise aparece, uso um freio antes de ficar totalmente estufado a ponto de passar mal.
Sugiro que tente o mesmo: procure entender o sentimento, aceite-o e se policie.