Nessa semana, num grupo de amigos do Facebook, postaram mais um suicídio em São Paulo. O rapaz pulou de um viaduto. Por curiosidade, comecei a ler os comentários. Um deles me chamou atenção e me assustou. Segundo a pessoa que comentou — não tenho os dados estatísticos para confirmar a informação —, em média, duas pessoas se jogam para a morte daquele viaduto. Se for verdade, é uma tristeza.
Hoje escutei a entrevista de um psiquiatra, e ele disse que, de todas as causas de morte, um por cento é suicídio. É um dado assustador. Esse número supera, por exemplo, mortes por HIV e câncer de mama. A depressão é a principal causa das pessoas tirarem a própria vida.
Melhor qualidade de vida, remédios eficientes para depressão e outros transtornos psiquiátricos, agregado ao aumento da procura a psicoterapeutas e psiquiatras, felizmente fizeram baixar a taxa de suicídio pelo mundo. No entanto, pode-se agravar com a pandemia e com algo novo de um tempo para cá: as mídias sociais.
Noto um falso exibicionismo nas redes sociais. Lá tudo é lindo e maravilhoso. Além disso — não é só nas redes sociais —, alguns palestrantes e mentores incentivam a busca da perfeição, do ganho imediato. No YouTube você pode achar uma imensidão de cursos gratuitos de como ganhar x milhões em dois anos, como se tornar o maior vendedor de livros em tal plataforma, e assim por diante.
Mas, Jony, não estou entendendo aonde o senhor está querendo chegar? Poderia me perguntar. Minha resposta: deixe de procurar ser ótimo, seja mais ou menos e viva melhor!
Não há mal nenhum em ser mais ou menos. Ao contrário. Sei que existe o ditado: “o segundo lugar é o primeiro dos perdedores.” E daí?
Vou lhes contar algo interessante: fiz minha primeira maratona em Paris. Na época, eu corria pouco e tive menos de três meses para me preparar. Foi uma má preparação. Cheguei. Arrasado, mas cheguei. Completei os quarenta e dois quilômetros, mais cento e noventa e cinco metros, em quatro horas e quinze minutos. Minha classificação foi da metade para trás.
Quando cheguei no Brasil, orgulhoso, comecei a comentar meu feito a amigos fora do rol dos da corrida. Primeira pergunta de todos eles: quanto tempo você demorou para completar a prova? Eu respondia: quatro horas — comia os quinze minutos de propósito. Daí vinha a outra e fatídica pergunta: e quanto tempo fez o vencedor? Eu respondia: duas horas e onze minutos. Em seguida, com voz de decepção, a pessoa dizia: ahhhhh! Como se eu fosse um nada. Puxa vida! Eu tinha corrido mais de quarenta quilômetros, será que eles sabem o que é isso?
Não importa. O que realmente importou foi o meu feito, o meu sucesso. Portanto, minha amiga(o), seja mais ou menos sempre, porque para as pessoas que você ama, esse mais ou menos representa o primeiro lugar. Tenham certeza disso.