Parte II
Pedro tentou sem resultado trabalhar na mecânica. Fazia pouco tempo que começara a praticar suas atividades, apenas com o braço esquerdo.
Das cinco pessoas da mecânica, incluindo o chefe, ninguém teve paciência com Pedro. Com a demora em fazer as peças no torno mecânico e na fresa, seu trabalho foi minguando dia a dia. A empresa não podia esperar pela recuperação do acidentado.
Veio o substituto. A lei não permitia sua demissão. Portanto, foi largado ao léu, como um patinho feio.
Judith, a moça do acabamento, percebeu o movimento negativo dos seus colegas e o início da queda do olhar de Pedro. No almoço, ela colocou sua bandeja ao lado de Pedro e perguntou:
— Posso?
— Lógico.
Assuntos superficiais esquentaram a conversa entre os dois. No entanto, na sobremesa, Judith voltou-se para ele e perguntou:
— Quer trabalhar no meu departamento? Lá está faltando alguém que faça anotações das quantidades diárias. É um trabalho fácil. Posso lhe explicar.
— Como vou anotar? Sou destro.
— Uai! Aprenda a escrever com a esquerda. Pode usar o computador. Aqui, não há datilógrafos profissionais, todos catam milho. Pode ser catador de milho de um dedo. Com o tempo, digitará rapidamente. Eu acredito.
Assim, a alegria voltou em Pedro. Sentiu-se útil, acolhido e não mais deslocado.
Parabéns, Judith.